terça-feira, junho 14, 2005

ensaio sobre a tristeza

"i miss the confort in being sad"...alguns anos passados desde a minha devoção messiânica ao deus carocho e sem-abrigo dou por mim a pensar numa das suas escritas...não das muitas que adivinhavam o seu desfecho, mas nesta simples que mistura prazer com tristeza. Até me parece uma coisa muito tuga, basta olhar para o fadinho e para o seu significado, tom e culto para se perceber que a melancolia apazigua o espírito mais naturalmente que a adrenalina da felicidade.
Estar triste é o contrário de estar contente diria uma escritora do mainstream lírico tuga. Algum economista depravado associaria as crises ciclícas do capitalismo ao eterno retorno desse sentimento que se abate sobre os consumidores de informação suja ou publicidade, de modo a que a tristeza retrai o impulso ao contrário da raiva por exemplo...
É inevitável a tristeza, mas afirmar que se sente saudades da tristeza em si, é algo muito masoquista. O prazer geralmente gera (sor)risos, e estar a (sor)rir por se estar triste parece uma grande contradição...
O conforto da tristeza será a vontade de abraçar alguem quando nos encontramos frágeis? Isso sim gera prazer, que há de melhor que fazer as pazes? Mas saudosismo do tempo de guerra, ou melhor, da não-paz que é a tristeza?
Vamos por aqui um maniqueísmo e um raciocínio humano quase indispensável aos insatisfeitos, tristes, revoltados e anormalmente felizes...uma pequena variação para algo tuga, colorido, divergente e alternativo..."estou bem onde não estou...só quero ir onde não vou"
Se contrariados nunca estamos bem, e se não estamos bem, estamos sempre tristes...então estamos sempre tristes quando não o estamos por saudades de o estar...